quarta-feira, 3 de abril de 2024

Resenha - Black Out de John J. Nance

Blecaute de John J. Nance

Tradução por Marcos Santarrita

Publicado no ano 2000, e traduzido e publicado no Brasil em 2001 apenas como parte da coleção de livros da Seleções, rede brasileira da revista americana Reader's Digest, a novela de John J. Nance, Black Out, traduzido para "Blecaute" por Marcos Santarrita, é um livro marcado pelo mundo e a época de sua escrita. Celulares por satélite, pagers, entre outros exemplos da tecnologia da virada do milênio marcam presença em cada instante, se tornando importante instrumentos para aumentar o mistério e a tensão da história.

Black Out foca-se no trabalho em conjunto do jornalista Robert McGabe e de Katherine Bronsky, agente do FBI e especialista em casos de terrorismo, que se encontram em uma brincadeira de gato e rato mortal depois de um ataque a um Boeing 747. Junto com um pequeno grupo, Kat e Robert procuram descobrir o que, ou melhor, quem derrubou não só esse avião, mas outros durante um pequeno período de tempo, enquanto tentam se manter vivos, fugindo desse mesmo grupo perigoso e misterioso.

O enredo é intrigante, nos deixando sempre na ponta da cadeira, tensos e prontos para as coisas irem de mal a pior, especialmente quando os personagens principais notam que, a certo ponto, não podem confiar em mais ninguém, incluindo outros "membros" do FBI. 

O estilo de escrita de Nance se foca mais no dialogo do que na narração, com personagens tendo longas conversas sobre sua posição atual, planos para o futuro além de várias discussões sobre o grande mistério por trás do que está causando todos os conflitos da história. Ainda assim, são poucos os momentos em que o diálogo parece ser pura exposição, servindo mais para nos dar uma melhor compreensão do raciocínio dos personagens.

Por causa desse foco no diálogo, a novela também se torna uma leitura mais rápida, porém o conhecimento extenso de Nance sobre aviação e relacionados ajudam a manter o leitor - especialmente aquele leigo à tais temas - sempre atento para poder compreender o que está acontecendo no momento. Os blocos narrativos curtos e poucos detalhados de Nance também ajudam a manter um ritmo nas cenas mais ativas e tensas da história, especialmente as cenas de ação, permitindo ao leitor se sentir no lugar dos personagens, com a adrenalina a mil.

A tradução de Santarrita consegue transcrever bem o original de Nance, embora houvesse alguns momentos, especialmente quando o uso de gírias e expressões americanas é presente, que a tradução se inclinou demais para o literal, ao invés de fazer uso de uma expressão equivalente, ou de um uso de palavras que pudesse soar mais normal para os personagens.

Mesmo com o enredo interessante e o mistério sempre presente desde os primeiros capítulos, porém, o fim de Black Out deixa um pouco a desejar. Embora tudo seja explicado durante as últimas páginas, a cena final em si parece ter sido escrita de modo apressado, como se Nance não soubesse como exatamente ele desejava finalizar a história, ou como se ele desejasse escrever por mais páginas, mas se encontrava incapaz de fazer tal coisa por algum motivo desconhecido. 

Ainda assim Black Out é, em geral, uma leitura excitante, o tipo de livro que é difícil parar de ler, que eu pessoalmente recomendo, tanto para fãs de thrillers quanto para aqueles que não costumam ler livros de tal gênero.

Enredo: 9/10

Personagens: 4.5/10

Escrita/tradução: 7/10

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